sexta-feira, 21 de junho de 2013

Estado policial

Se o protesto de segunda foi uma festa, o de ontem foi um carnaval. E, como diz o galhardete do pierrô, todo carnaval tem o seu fim.

Poderia falar sobre a festiva retaguarda da manifestação, e sua alegria de quem vai a um show de um pop star, ou da nossa irada vanguarda incendiária, formada por garotos pretos, aparentemente pobres, que não tem medo de polícia, e que ao grito de "na escola não", eles evitam qualquer depredação. Mas o mais chocante é pensarmos a polícia militar e o que as ações dela representaram ontem.


Não importa quem começou o confronto. A PM optou por esvaziar a Presidente Vargas às 20h, como se fosse um toque de recolher. Mais: empurrou os manifestantes para as ruas laterais, vindo tanto do lado da prefeitura como da Candelária. Acompanhou - nunca pacificamente - o povo até a Zona Sul, para quem era de Zona Sul.

Os relatos do que aconteceu neste trajeto não precisam ser repetidos. O FB está cheio deles. O Youtube também. Policial jogando pimenta em senhora dentro de hospital público, caveirão atirando contra transeuntes por estarem próximo do Palácio Guanabara, o Choque atirando contra as pessoas nos bares da Lapa. A Glória. O Circo Voador. O Ifcs. A FND. A violência contra o desarmado foi a regra, não a exceção.

O que isso quer dizer? Bem, que eles [reparem, há uma dicotomia aqui: nós, povo, eles, governo] controlam o que querem nas ruas ou não. E por que eles controlam? Porque eles têm armas. Se o povo todo ficar insatisfeito com o governador, o que acontece? A polícia atira. Se reclamarem do prefeito? A polícia atira. A polícia defende o governo, não o povo.



Veja bem, não estou defendendo o anarquismo, o golpe de Estado, nem mesmo as manifestações, principalmente quando elas vestem as cores da direita. Mas demonstrando que a polícia não está nas ruas para defender os cerca de 300 mil que foram para a Presidente Vargas, mas para impedir que esses 300 mil fiquem nas ruas o quanto eles quiserem. A polícia existe, neste momento, para defender o governo, apenas isso. E o povo, nós ficamos acuados.

Sintomaticamente o governador do estado do Rio de Janeiro soltou boatos ao longo do dia de ontem afirmando que uma facção criminosa iria aproveitar a oportunidade para fazer atentados. Talvez para dizer que ele não avisou quando acontecesse.

O que aconteceu neste dia 20 de junho de 2013 mudou nossa perspectiva de país. Talvez tenhamos perdido a inocência.

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