segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Cervejochatos

Parece que é oficial: estamos vivendo entre cervejochatos, também conhecidos como cervochatos. Em comum, como pode-se perceber, a chatice. E o ar pernóstico, de quem sabe mais que os outros e quer enfiar esse saber garganta à dentro dos pobres mortais que apenas querem tomar uma cervejinha no fim do dia.

Cláudia Amorim explica:
... o site americano www.beerandwhiskeybros.com listou “os dez mandamentos da beerchatice”. Estão catalogados ali comportamentos como não aceitar beber uma cerveja se não for servida no copo correto. Ou metáforas como insistir em permanecer num quarto escuro, sozinho, na hora de degustar uma nova cerveja especial. Pior: o cervochato, segundo a tábua dos mandamentos, dá opinião onde não é chamado, inclusive no supermercado — isso quando não critica as escolhas feitas pelo comprador ao lado. Nesse inventário, sobra para os amigos: não adianta o camarada levar umas cervejinhas para a casa desse ser exigente tentando ser simpático, pois o cervochato só serve aqueles exemplares que passaram por sua seleção superior. Outro tipo de comportamento — mas desta vez comum a chatos de todas as áreas, de samba até literatura, passando por cinema e o que mais houver — é o do beer snob, que faz exibicionismo de conhecimento, inclusive com citações em alemão.
Edu Passarelli completa:
Existem também as variações digitais dos cervejochatos. Eles passam o dia em redes sociais, comentando os passos de pessoas do meio cervejeiro ou analisando lançamentos e postando suas fotos, principalmente daquelas cervejas que causam inveja ao bebedor mais comum. Frequentam fóruns, mantêm blogs e, por trás dos teclados, são valentes como poucos.
É sempre útil repetir que a
Westvleteren, a cerveja mais
incrível do mundo, nem tem rótulo
Agora, temos que fazer uma distinção bem clara. Ser chato não é uma característica associada à cerveja, ou ao vinho, mas ao fulano que o toma - sempre. Existem chatos abstêmios, e eu nunca vi uma cerveja chata - no máximo, choca. Portanto, afirmar que todo mundo que bebe cerveja de verdade é um cervechato cai na categoria das generalizações simplistas que, vez por outra, encontramos geralmente feita pelos sujeitos mais preconceituosos e de mente mais rasa. Pode acontecer com música, time de futebol, partido político, religião e todo grupo que envolve emoções à flor da pele.

Na minha opinião de muito envolvido no assunto, não é o cara que quer tomar apenas cervejas de verdade que é um chato. Cada um tem todo o direito de consumir o que quiser, do lixo ao luxo. Para identificar um desses cevejochatos, sugiro procurar por proselitismo. Ou quem não se aguenta com tanta cultura, tanta informação e diminui os demais por não serem iguais a ele.

A esses, seria bom lembrar que grande parte da cultura cerveja se deve aos monges, muitos deles bem humildes. Para esses religiosos, a vaidade é um pecado capetal.

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